quinta-feira, 24 de junho de 2010

LIBRAS

MAÍRA AUGUSTA SILVA






DISSERTAÇÃO



DIRETRIZES PEDAGÓGICAS DA SEE/MG PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS, INCLUSÃO DOS SURDOS NAS ESCOLAS COMUNS DIMENSÕES CULTURAIS DA SURDEZ E LINGUÍSTICAS DA LIBRAS










VISCONDE DO RIO BRANCO
JUNHO - 2008





DIRETRIZES PEDAGÓGICAS DA SEE/MG PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS, INCLUSÃO DOS SURDOS NAS ESCOLAS COMUNS DIMENSÕES CULTURAIS DA SURDEZ E LINGUÍSTICAS DA LIBRAS

A Secretaria do Estado de Educação de Minas Gerais aborda as Diretrizes Pedagógicas para a Educação de Surdos na Orientação SD nº. 01/2005 e no Projeto Incluir.
A Orientação SD nº. 01/2005, orienta como Serviço de Apoio nas escolas comuns o Instrutor de Libras, atendendo ciclos da mesma aprendizagem, de desenvolvimento e formação por grupos de faixa etária, sendo realizado um agrupamento, vizando a otimizar a disponibilização dos recursos.
Oferece o Instrutor de Libras e/ou códigos aplicáveis, sendo que este Serviço pode acontecer na escola comum (sala de recurso) ou especial, conforme o projeto da escola.
A Diretoria de Educação Especial – DESP – vem trabalhando na perspectiva de inclusão dos alunos surdos nas escolas comuns, através do oferecimento de uma educação baseada na perspectiva bilíngüe (reconhecendo a LIBRAS como a língua natural dos surdos, bem como o aprendizado da língua portuguesa como segunda língua). A questão primordial é que essas pessoas têm o direito de serem ensinadas em LIBRAS, uma vez que a mesma constitui-se como a primeira língua dos surdos. Essa proposta visa assegurar o acesso dos surdos às duas línguas, no contexto escolar, ou seja, respeitar a autonomia da LIBRAS e da língua majoritária do país, no nosso caso, o português.
O projeto incluir possibilita recursos pedagógicos para os alunos surdos, permitindo acessibilidade arquitetônica; o ensino e difusão da LIBRAS; e ampla capacitação de professores.
Para que se faça valer o direito à educação, os sistemas educacionais devem assumir a responsabilidade de prover novas respostas pedagógicas a todas as demandas educacionais que se lhe apresentem.
O sistema educacional mineiro tem sido destaque na progressão do número de alunos com necessidades educacionais especiais incluídos, segundo os dados dos últimos censos escolares. Partindo-se da premissa de que incluir não se resume na efetivação da matrícula desses alunos, mas também, na garantia de que lhes seja assegurado o direito à permanência, ao percurso e ao pleno desenvolvimento de suas potencialidades, faz-se necessário o estabelecimento de um processo de discussão que instaure uma visão crítico-reflexiva e de maior assertividade nas ações dos professores, dos gestores, da comunidade escolar e de outros setores sociais no que se refere à inclusão.
Desta forma, propõe-se um projeto de capacitação que responda em conexão com as exigências do novo paradigma inclusivista, às exigências de formação de recursos humanos em sintonia com os princípios e conceitos orientadores da concepção da educação especial e inclusiva.
Para alcançar os objetivos do curso, a SEE/MG firmará contrato com Instituições de Ensino Superior – IES que ficarão responsáveis por capacitar os educadores no contexto da educação para a diversidade.
O currículo é o ponto chave do cotidiano escolar. Mudar a escola é mudar a visão sobre o que nela se ensina; é colocar a aprendizagem como eixo do trabalho escolar, considerando que a escola existe para que todos aprendam.
A educação inclusiva coloca como meta para a escola, o sucesso de todas as crianças, independentemente do nível de desempenho que cada sujeito seja capaz de alcançar.
Adequar o currículo não significa a retirada de conceitos básicos a serem trabalhados pela escola, mas de se buscar estratégias metodológicas interativas que favoreçam as respostas educacionais dos alunos.
Os recursos são meios auxiliares no desenvolvimento das ações que precisam estar bem-definidas no plano de trabalho do professor.
A escola pode adquirir através de convênios entre outros, matérias e equipamentos específicos: próteses auditivas, treinadores de fala, tablados em madeira facilitando a transmissão do som e softwares educativos específicos. Testos escritos acompanhados de outros tipos de linguagem: linguagem gestual e língua de sinais. Sistema alternativo de comunicação adaptado às possibilidades do aluno: leitura orofacial, gestos e língua de sinais. Salas-ambientes para treinamento auditivo, de fala e de ritmo. Posicionamento do aluno na sala de tal modo que possa acompanhar os movimentos faciais do professor e colegas da classe. Esses são recursos que podem ser utilizados quanto a adequação no atendimento de alunos surdos.
O trabalho pedagógico de uma escola comum deve partir de uma avaliação que indique o caminho já percorrido por esses alunos surdos, apesar dos comprometimentos que apresentam, para que as propostas a serem elaboras sirvam de horizontes a ser atingido, indicando, ainda, as metas seguintes.
A palavra “cultura” possui vários significados. Relacionando esta palavra ao contexto de pessoas surdas, ela representa identidade porque pode-se afirmar que estas possuem cultura uma vez que têm uma forma peculiar de aprender o mundo que os identificam como tal.
Há uma diferença entre cultura e comunidade Surda. “A cultura apresenta um conjunto de comportamentos aprendidos de um grupo de pessoas que possui sua própria língua, valores, regras de comportamento e tradições”. Ao passo que “uma comunidade é um sistema social geral, no qual as pessoas vivem juntas, compartilham metas comuns e partilham certas responsabilidades umas com as outras.”
Uma comunidade Surda é um grupo de pessoas que mora em uma localização particular, compartilha as metas comuns de seus membros e, de vários modos, trabalha para alcançar estas metas. “Portanto, nessa comunidade pode ter também ouvintes e surdos que não são culturalmente surdos. Já “a cultura Surda é mais fechada do que a Comunidade Surda. Membros de uma Cultura Surda se comportam como as pessoas surdas, usam a língua das pessoas de sua comunidade e compartilham das crenças das pessoas Surdas, usam a língua das pessoas de sua comunidade e compartilham das crenças das pessoas Surdas entre si e com outras pessoas que não são Surdas.”
Mas ser uma pessoa surda não equivale a dizer que esta faça parte de uma Cultura e de uma Comunidade Surda, porque sendo a maioria surdos, 95%, filhos de pais ouvintes, muitos destes não aprendem a LIBRAS e não conhecem as Associações de Surdos, que são as comunidades Surdas, podendo tornarem-se somente pessoas portadoras de deficiência auditiva.
As pessoas Surdas, que estão politicamente atuando para terem seus direitos de cidadania e lingüísticos respeitados, fazem uma distinção entre “ser Surdo” e ser deficiente auditivo. A palavra “deficiente”, que não foi escolhida por elas para denominarem, estigmatiza a pessoa porque a mostra sempre pelo que ela não tem, em relação às outras e, não, o que ela pode ter de diferente e, por isso, acrescentar às outras pessoas.
Ser Surdo é saber que pode falar com as mãos e aprender uma língua oral-auditiva através dessa é conviver com pessoas que, em um universo de barulhos, deparam-se com pessoas que estão percebendo o mundo, principalmente, pela visão, e isso faz com que eles sejam diferentes e não necessariamente deficientes.
A diferença está no modo de aprender o mundo, que gera valores, comportamento comum compartilhado e tradições sócio-interativas, a este modus vivendi está sendo denominado de “Cultura Surda”.
A LIBRAS é dotada de uma gramática constituída a partir de elementos constitutivos das palavras ou itens lexicais e de um léxico (o conjunto das palavras da língua) que se estruturam a partir de mecanismos morfológicos, sintáticos e semânticos que apresentam especificidade, mas seguem também princípios básicos gerais. Estes são usados na geração de estruturas lingüísticas de forma produtiva, possibilitando a produção de um número infinito de construções a partir de um número finito de regras. É dotada também de componentes pragmáticos convencionais, codificados no léxico e nas estruturas da LIBRAS e de princípios pragmáticos que permitem a geração de implícitos sentidos metafóricos, ironias e outros significados não literais. Estes princípios regem também o uso adequado das estruturas linguísticas da LIBRAS, isto é, permitem aos seus usuários usar estruturas nos diferentes contextos que se lhes apresentam de forma a corresponder às diversas funções lingüísticas que emergem da interação do dia a dia e dos outros tipos de uso da língua.
O léxico pode ser definido ‘grosso modo’ como o conjunto de palavras de uma língua. No caso da LIBRAS, as palavras ou itens lexicais são os sinais. Pensa-se fequentemente que as palavras ou sinais de uma língua de sinais é constituída a partir do alfabeto manual.
As palavras da LIBRAS também são constituídas a partir de unidades mínimas distintivas chamadas, em línguas orais, de fonemas. O número dessas unidades é finito e pequeno porque, seguindo o princípio de economia, eles se combinam para gerar um número infinito de formas ou palavras.
Então, o léxico da LIBRAS, assim como o léxico de qualquer língua, é infinito no sentido de que sempre comporta a geração de novas palavras. Antigamente, pensava-se que a LIBRAS era pobre porque apresentava um número pequeno de sinais ou palavras. Pode acontecer o fato de que uma língua que não é usada em todos os setores da sociedade ou que é usada em uma cultura bem distinta da que conhecemos não apresente vocábulos ou palavras para um determinado campo semântico, entretanto, isso não significa que esta língua seja pobre porque potencialmente ela tem todos os mecanismos para criar ou gerar palavras para qualquer conceito que vier a ser utilizado pela comunidade que a usa. Por exemplo, a LIBRAS não tinha um sinal para o conceito “linguística” até a poucos anos. À medida que os surdos foram se inteirando do que se faz em linguística, do que significa linguística, houve a necessidade de gerar um sinal para esse conceito. O sinal LINGUÍSTICA não é soletração da palavra em português, porém, tem um vestígio de empréstimo porque a configuração de mão escolhida é L (apenas os dedos polegar e indicador estendidos), uma configuração própria da LIBRAS, porém, que costuma representar a letra “L”no alfabeto manual. Este sinal é realizado com as duas mãos, palmas para baixo com o polegar de uma mão quase tocando o da outra, na frente do busto, fazendo movimentos de rotação positiva e de translação retilínea para os lados.
Entretanto, não é qualquer combinação de unidades mínimas distintivas que será permitida pela língua. Há restrições e devido a elas é que vamos dizer que certas formas não são aceitas naquele sistema linguístico enquanto outras o são. Uma forma como lbresk não será identificado pelos falantes do português como uma forma bem formada ou como uma palavra dessa língua. Isto porque o padrão fonológico do português é CV (consoante + vogal) e devido a outros tipos de restrições. Na forma lbresk o uso de várias consoantes e a sequência de certos tipos de consoantes faz com que esta forma fuja aos padrões aceitos pela Língua Portuguesa.

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