domingo, 6 de fevereiro de 2011

PSICANÁLISE E EDUCAÇÃO.

A Aplicabilidade Prática da Disciplina Psicanálise e Educação


As escolas públicas brasileiras apresentam um alto índice de reprovação, principalmente nas classes de alfabetização: este fracasso escolar é atribuído aos alunos de baixa renda. e,- justificado pelas suas condições precárias de sobrevivência que resultavam num grau diferenciado e prejudicado de inteligência. Nas escolas particulares e nas universidades há um esvaziamento
dos saberes que colabora com o desemprego, com a ignorância e com a formação de um cidadão de terceira categoria sem autonomia e senso crítico. Nesse espaço de falência transita- o professor, diante de uma demanda sem fim, onde ele próprio já é um sub-produto acabado e com poucas chances de alterar o quadro da Educação Nacional. Mal remunerado, na maioria. das vezes
sem condições ideais de produzir - esse sujeito sofre a angústia de estar participando de uma farsa, sofre a frustação de não ver o resultado de seu trabalho - solitário por excelência, já que a escola, enquanto tal, é uma instituição impossível.
A escola passa por um momento grave de transição - onde a falência do modelo vigente reflete-se no conflito entre o que foi e o que há de vir. Entre o velho e o novo. Equivocadamente pouco discute-se em profundidade as verdadeiras causas conflituais. No afã de conservar-se o modelo falido, fala-se em novas tecnologias educacionais. em mais eficiência, produtividade, adaptação dos sistemas educacionais para os tempos de intensa competição internacional, da necessidade do uso do computador como uma nova metodologia redentora de um passado distante - “ de cartilhas, quadro-negro, giz e palmatória” - que, contudo, perpetua-se ideologicamente sob a máscara da modernidade.
Enfim, corremos o risco de mumificarmos o cadáver com novas tecnologias perdendo a chance do luto, que todo momento de transição oferece, e que propicia a oportunidade de buscarmos novos caminhos, novos encontros, novas saídas e soluções. Sem tomarmos o rumo da história, assumindo as rédeas de nosso próprio destino e todas as transformações que realmente tragam o novo - contanto que o novo seja adequado para o nosso processo de evolução, sem vivermos o conflito da mudança e suas vicissitudes em profundidade; não há chance de sairmos do momento de estagnação e da falência em que nos encontramos enquanto educadores e instituição. E a escola, enquanto tal, continuará a produzir, em série, sujeitos aptos à se
adaptarem as rodas da engrenagem - asujeitados e alienados à uma ordem - sem condição de reflexão e de transformação. Sofremos assim, nos tempos de hoje, do apelo Faustiniano: mantermos viva a qualquer preço - num pacto com forças poderosas - o que já se encontra em seu último fôlego de vida – A escola; eternificando-a com a máscara da modernidade, mantendo a sua ação destruidora da subjetividade criativa. - “Ou a deixamos morrer e re-criamos um novo e genuíno sistema de transmissão do saber e construção do conhecimento”.
Os saberes sobre o indivíduo e seu comportamento, vem sendo construído ao longo da história da humanidade. Várias maneiras de olhar o mesmo objeto constituíram diferentes sistemas teóricos. Contudo, como afirma Piaget “O conhecimento atinge o real só tangencialmente
A psicanálise é mais um instrumento a ser utilizado na tentativa de compreender melhor esse objeto tão complexo que traz em sua singularidade o fato de ser agente e paciente de sua própria pesquisa.
A psicanálise não é um método de interpretação da sociedade e, sim uma abordagem. uma. ótica diferenciada que permite entender as relações humanas e suas dificuldades, a partir do próprio entendimento pessoal, ou seja, uma postura mais livre, mais equilibrada frente à vida, evará o sujeito a ter melhores relacionamentos afetivos e de produção. Contudo, longe de ser um sistema adaptativo - o auto conhecimento é transformador pois leva o sujeito a caminhar na direção do seu desejo; e não mais neuroticamente em direção à economia do determinismo psíquico.
O auto conhecimento é libertador e, é através da razão que se escolhe o objeto digno de ser desejado e não aquele que foi imposto por mecanismos de defesa do tempo em que ainda, éramos crianças.
Um educador neurótico, infeliz, comprometerá o processo de aprendizagem, porque a relação que se estabelece entre o professor e o aluno é uma relação afetiva - de transferência - isto é: o professor ocupa o lugar da autoridade, a autoridade é o lugar do pai. Portanto, querendo ou não esse é um lugar afetivo, onde cabem amor e ódio. Caso o professor tenha atravessado
seus conflitos edipianos com tranquilidade, sem fixações e evoluindo para a fase genital, tornandose um adulto com capacidade de ser feliz e produtivo, então e só então - ele transitará com bom senso no lugar do poder. Caso contrário, ele não terá estrutura para aceitar a demanda de amor ódio que se projetam na sua figura no processo de transferência. E, aí ocorrerão sucessivos erros que comprometerão o relacionamento professor X aluno - e, por fim, a aprendizagem.
O abuso da autoridade, a permissividade, o paternalismo, a indiferença - são ingredientes de um educador despreparado. Por ser na verdade um sofredor.
A. psicanálise oferece um olhar diferente para si próprio e para o mundo um eterno questionamento sobre as condutas repetidas - “do pão nosso de cada dia - que nos levam a relacionamentos mesquinhos, a uma vida empobrecida, ao medo das transformações que ossibilitam a felicidade. Educar é saber-se humildemente um eterno aprendiz. E nesse lugar de aluno compartilhar, conviver. re-criando um espaço afetivo onde o amor desfaça o ódio, assegurando a possibilidade de um crescimento saudável.

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